A indústria de biscoitos, massas alimentícias, pães e bolos industrializados acompanha o aumento da demanda por maior aporte nutricional e avança em vários aspectos. Entre os focos de atuação estão a redução de sódio, açúcares e gorduras; inclusão de farinhas integrais; enriquecimento com fibras e proteínas e o desenvolvimento de linhas específicas para diferentes perfis de consumidores. “Tudo isso aliado à preservação de sabor e qualidade, que são determinantes na escolha dos brasileiros”, pontua Sonia Romani, diretora técnica da Abimapi (Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados). Encontrar o equilíbrio entre prazer e saúde é um dos maiores desafios deste mercado. Produtos como panetones, biscoitos e bolos carregam forte valor afetivo e indulgente, mas, ao mesmo tempo, o consumidor busca alternativas equilibradas para o dia a dia. Por isso, segundo Romani, a indústria investe em inovação para oferecer tanto produtos indulgentes quanto opções nutritivas e funcionais. Parceria – Em 2021, o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) e a Abimapi realizaram um estudo sobre nutrientes e ingredientes de 269 produtos comercializados no Brasil. Segundo Romani, a análise mostrou com clareza o valor nutricional dos produtos industrializados. Entre os itens avaliados (biscoitos, massas, pães e bolos industrializados), 95,9% das massas podem ser consideradas fonte de proteínas e 66,2% têm alto conteúdo de proteínas. Romani ressalta que as informações contidas nos rótulos dos produtos analisados não permitem verificar se as proteínas possuem o perfil de aminoácidos para declaração de alegações nutricionais de proteína. Para ela, ainda existe espaço para avançar, especialmente no desenvolvimento de massas funcionais e fortificadas, que já estão em expansão no mercado brasileiro. “A indústria segue buscando melhorias de enriquecimento e inovações como, por exemplo, adições de colágeno ou outros ingredientes”, diz. Quanto à quantidade de fibras, o estudo concluiu que 138 produtos (51,3% da amostra) podem ser considerados como fonte de fibras e 25 produtos (9,3% da amostra), como tendo alto conteúdo de fibras, por porção de 100 g. “É um resultado positivo, mas a indústria tem buscado ampliar ainda mais essa oferta, com massas e pães integrais, misturas com grãos e farinhas especiais. Isso acompanha a crescente demanda dos consumidores por alimentos com maior aporte nutricional”, afirma. Um exemplo de como esta indústria pode contribuir para a qualidade nutricional da dieta está na categoria de pães industrializados. Esses alimentos contam com tecnologia e formulações que permitem adicionar farinhas especiais, proteínas e fibras em quantidades mais consistentes e padronizadas. Em contrapartida, de acordo com Romani, o pão caseiro e o francês, por sua natureza artesanal, têm variações, dificuldade de padronização e normalmente menor aporte nutricional. Este tipo de informação, no entanto, muitas vezes, não chega ao consumidor, dando vazão a dúvidas. Por isso, a Abimapi, em parceria com instituições como o Ital, promove estudos científicos e projetos de esclarecimento, como o Comer Com Ciência, que busca traduzir dados técnicos para uma linguagem acessível. O objetivo é combater mitos e fake news, além de ampliar a compreensão do real papel dos alimentos industrializados em uma dieta equilibrada.