O pão industrializado está cada vez mais presente na mesa do brasileiro. Segundo dados do Worldpanel by Numerator, encomendados pela Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães Industrializados (Abimapi), mais de 95% dos lares do país consumiram pão industrializado no ano móvel encerrado em junho de 2025 — um crescimento de 5,7% em relação ao mesmo período anterior.
O levantamento foi divulgado nesta quarta-feira (16), Dia Mundial do Pão e também Dia Mundial da Alimentação.
Jovens e classes emergentes puxam o consumo
O estudo mostra que o consumo cresceu entre os lares de até 29 anos (+2,1%) e de 30 a 40 anos (+1,4%), enquanto famílias com mais de 50 anos reduziram a compra em 2,5%. As classes C e D/E também ampliaram o consumo em 4,1%, contrastando com uma queda de 3,5% na classe AB.
Para Claudio Zanão, presidente executivo da Abimapi, o momento é de expansão sustentada por conveniência e preço acessível. “As ações do setor se concentram em manter competitividade e aproveitar o engajamento de novos consumidores. O pão é um alimento essencial, versátil e com forte apelo emocional entre os brasileiros”, afirma.
Mercado em expansão
Dados da Cesta Abimapi, com base em levantamento da NielsenIQ, apontam que a categoria movimentou R$ 8,3 bilhões até junho de 2025, um aumento de 7,8% em valor e 3,5% em volume, atingindo 400 mil toneladas no semestre. O pão de hambúrguer e o pão para hot dog ganharam protagonismo, com avanço em volume e giro de 1,3% e 0,4%, respectivamente.
O Sul do país (+3,1% em valor) e o canal cash & carry (+2,8%) foram os principais vetores de crescimento. Nesses mercados, o pão de forma comum respondeu por 65,7% das vendas, superando o integral, que caiu para 34,3%.
Indústria aposta em inovação e saudabilidade
O Grupo Bimbo, dono das marcas Pullman, Plusvita e Artesano, destaca a aposta em tecnologia e frescor como fatores de liderança. “Mantemos tradição e qualidade com inovação contínua, apoiada pela BNutrition, área especializada em ciência da nutrição, que ajuda a gerar conhecimento técnico e transparência sobre os benefícios do pão na dieta”, diz Décio Novaes, gerente executivo de Assuntos Corporativos da companhia.
Na Bauducco, o foco está na fermentação natural, processo que traz textura mais leve e sabor marcante. “A Massa Madre, que dá vida aos panetones da marca há mais de 70 anos, também está nos nossos pães. Introduzimos ainda a embalagem selada, inédita no setor, que mantém o frescor por muito mais tempo”, explica Luis Iannini, diretor de marketing.
A Grani Amici aposta em produtos free from, voltados a públicos com restrições alimentares. “O desafio é entregar pães com textura e sabor capazes de agradar todos os paladares. Lançamos o Minipão com 6g de proteína por porção e uma linha sem glúten e vegana para consumo rápido”, comenta Graziela Luchini, diretora executiva da marca.
Novos sabores e formatos
Na Interbrands Food, a inovação se reflete no portfólio de brioches e pães especiais. “O consumidor busca produtos mais saudáveis e versáteis, com grãos e fermentação natural. A linha S’OUi e os Pães Especiais Santa Edwiges unem tradição e modernidade”, diz Giselle Fontana, gerente de marketing.
Já a Panco ampliou a linha Artesanale, inspirada em receitas caseiras, e lançou versões com coco e cacau & mel. A linha Vida, com sabores como Castanha do Pará & Quinoa e Maçã, Canela & Castanha, oferece produtos sem conservantes artificiais. “Queremos atender ao desejo por sabor, nutrição e bem-estar. O pão continua sendo presença certa nas refeições e agora também nas sobremesas”, afirma Érika Junqueira Rodrigues, gerente de marketing da Panco.
O setor encerra 2025 com um cenário de otimismo. O pão industrializado mantém seu espaço no cotidiano do brasileiro, e as empresas ampliam o foco em saudabilidade, conveniência e inovação para sustentar o crescimento nos próximos anos.